quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Filho, limbo, avô.

Três gerações em ronda. Dadas as mãos, o que se tinha era uma corrente de elos perecíveis. O conjunto tilintava no passeio ordinário, desses em que a contenteza sai quase de graça. Foi quando o do meio sentiu fugidio o sorriso de sua própria cara, fato. O pirulito numa ponta, a bengala noutra. Claro: feito pedra em pança, o assaltara a constatação. Essa uma, bem se sabe, de ser a vida curta em demasia.

domingo, 4 de março de 2012

Falta que não vem no sapato

— Ai... Que aqui me aperta tudo, ó, é um bolo de coisa na barriga, na garganta, sei lá.

— E dói feito como? De doer o tempo todo ou só quando lembra?

— É estranho. Tem vez que passa sim, porque lembrar de lembrar mesmo eu lembro é o tempo todo, todinho. Só que na cabeça nem sempre bate suave, sabe? Aquele olhar dum verde perguntão, desafiando se eu tenho coragem de pular em buraco escuro...

— Saudade assim eu sei como é. Dessas de murranca em galope... Segura aí, firma brabo no que tiver pra firmar. Respira fundo, meu filho.

— To tentando, mãe... Mas é que sem ela eu vivo de tão pouco que não careço nem de respirar...