quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Diacetilmorfina

Um quente se espalhou na barriga. A cara branca, fria, as pernas assim, ó, molinhas. Não dava pra disfarçar, não... "Ta na hora do moleque", ele ouviu. Daí foi uma suadeira. A mão tremia a brasa do cigarro, ponta laranja desenhando frase no ar: to me cagando, to me cagando inteiro. Mas tinha também um orgulho, altivez frente a um fatalismo. Iniciações..."Podia passar logo", pensou. "Amanhã vem a parte boa." O garoto quer fazer inveja, meter o dedo no pau e tacar no nariz do colega, contar vantagem. "Cheiro de xoxota de ontem. Tu já fudeu? Tu é virgem? Tu é viado? Filhinho de mamãe? Xô cumer seu cu, então." Etc. Entrou no carro. O menino: "Essa não é a minha primeira vez. É que..." A moça: "Eu também não sou puta." Quando a boca é quente, os outros somem. O menino: "Gozei." A moça: "Eu sei." Isso sim é uma pica, isso sim é uma buceta descendo nela, isso sim é um Del Rey, isso sim é a Avenida Atlântica... Hein? Trepar gostoso é uma concretude às avessas. Chega dissolve o mundo. O menino: "De novo." A moça: "Fofo." O menino cresceu. Até hoje, em vão, ele procura nas namoradas a cumplicidade daquela puta. Deseja olhar para o púbis das mulheres, encontrar o mesmo tesão. Quer, depois de transar pra não morrer, se sentir um herói. Não dá. Tudo em vão. Ele pensa, fica lembrando. O menino: "Eu te amo." A moça: "Dorme, meu anjo."

Um comentário:

  1. maneiro pedro!
    faltou aquele vigario infanto-juvenil de usar duas camisinhas com as putas infecto-urbanas destruidoras de pênis que moravam em nossos imaginários leite com pêra

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