domingo, 4 de março de 2012

Falta que não vem no sapato

— Ai... Que aqui me aperta tudo, ó, é um bolo de coisa na barriga, na garganta, sei lá.

— E dói feito como? De doer o tempo todo ou só quando lembra?

— É estranho. Tem vez que passa sim, porque lembrar de lembrar mesmo eu lembro é o tempo todo, todinho. Só que na cabeça nem sempre bate suave, sabe? Aquele olhar dum verde perguntão, desafiando se eu tenho coragem de pular em buraco escuro...

— Saudade assim eu sei como é. Dessas de murranca em galope... Segura aí, firma brabo no que tiver pra firmar. Respira fundo, meu filho.

— To tentando, mãe... Mas é que sem ela eu vivo de tão pouco que não careço nem de respirar...

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